Paulo Tafner:
"Sem reforma, faltará dinheiro para pagar aposentados’"
A entrevista de Paulo Tafner foi concedida ao jornal O Estado de S. Paulo
Segundo o economista Paulo Tafner, especialista em Previdência, a reforma da Previdência precisa cortar despesas desde já. Caso contrário, pode faltar dinheiro para pagar os aposentados lá na frente.
Como sr. Vê a intenção de se fazer a
reforma da Previdência neste momento?
Já passou da hora de fazer a reforma. Vou dar um dado
crucial. O gasto previdenciário, mantida a regra atual, vai crescer todo ano 5%
do PIB (Produto Interno Bruto). Isso significa que em 10 anos, será 60% maior.
Em 15 anos, vai mais que dobrar. Os próximos 20 anos são cruciais. Haverá um
intenso processo de envelhecimento. Vai entrar uma quantidade imensa de gente
no sistema e não há fonte de arrecadação que banque.
Na prática, o que
será isso?
Significa que pode acontecer aqui no Brasil o que aconteceu na
Grécia: faltar dinheiro para pagar o aposentado. Aí você chama o cara e avisa:
sabe aquele dindin que você recebe?
Então, vou cortar.
O sr. defende a
adoção da idade mínima para trabalhador da ativa. Por quê?
Sem isso, não haverá efeito financeiro imediato no sistema
para desacelerar o crescimento do déficit. Se a regra da idade mínima valer
apenas para novos trabalhadores, o efeito só virá daqui a 40 anos, quando esses
trabalhadores estiverem velhos e começarem a se aposentar.
Outra medida que o sr.
Defende é a equiparação da idade de aposentadoria para homens e mulheres. Há
quem considere injusto com as mulheres.
Por que injusto? Antigamente, as mulheres cuidavam da casa,
dos filhos. Antigamente. Agora elas estão no mercado de trabalho. Além disso,
as mulheres vivem muito mais que os homens. Aí vão se aposentar antes que os
homens? Por que essa diferença? Não faz sentido. As pessoas precisam entender
uma coisa: os últimos governos foram avestruzes e não aproveitaram um bom
momento para fazer a reforma da Previdência. Não há mais tempo, nem como adotar
paliativos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.